Onde o projeto iniciou realmente?
- Tulio Macedo
- História , Jornada
- 07 dez, 2024
- 05 mins
Nunca realmente dei muita atenção à essa necessidade, digo, realmente é uma necessidade, se expressar de uma forma diferente, contando estórias. Sempre pensei que ser um autor era algo fora do meu alcance, principalmente porque o mercado editorial era de certa forma assim mesmo.
Parecia algo inatingível do ponto de vista de alguém que tinha até algumas ideias, mas que nunca havia colocado nenhuma delas no papel e nem organizado de alguma forma que fizesse qualquer sentido fora da minha mente.
Barreiras
Para escrever algo, pelo menos na minha perspectiva, precisava de algo pronto logo de início, ter toda a estória, ou não haveria como interessar alguém além de mim, isso por si só inviabilizava qualquer iniciativa. Questões que hoje são um pouco menores, é possível a qualquer pessoa publicar um livro ainda que ninguém o leia, o que pode tirar muitos projetos da gaveta de muita gente.
Uma nota sobre o mercado editorial
Nota
Era normal para mim pensar que autores são pessoas diferentes, o que podem até ser até certo ponto, e eu sendo um humano relativamente normal não poderia ser um desses.
Seguindo
É preciso acrescentar que cheguei a escrever algumas coisas, mas nada que levasse a sério, não por achar que não era capaz ou por medo, mas genuinamente achava que uma coisa não estava realacionada à outra, falta de foco e de conhecimento.
Assim eu segui, com essa ideia de que escrever não era para mim, eu simplesmente não pertencia a um determinado grupo de pessoas que tinham a permissão de fazer isso.
Mudança
Recentemente eu me deparei com algumas revistas que publicam contos e pagam seus autores por conto publicado. Eu achei a ideia bastante interessante, mas pensando melhor, eu precisava de uma ideia para escrever um conto e não tinha nenhuma.
Isso ficou em espera por um tempo até que me peguei pensando em possibilidades para criar o conto de forma frequente, cada vez mais frequente. Em algum ponto resolvi pelo menos criar o ponto de partida para ter paz ou poder pensar em outras coisas.
Cheguei a algumas ideias promissoras e depois de desenvolver um pouco cada uma acabei por optar por apenas uma e seguir com ela.
Resumindo bastante, escrevi dentro dos padrões exigidos para a entrega, formato de arquivo, número de palavras, formatação e outros, e enviei minha estória, após alguns dias a resposta me desanimou bastante, eles não estavam aceitando estórias no momento.
Será que minha estória era ruim? Será que os cortes que tive de fazer para encaixar no número de palavras a deixaram sem sentido? Será que eu não sabia escrever? Essas e muitas outras peguntas ficaram em minha mente por um bom tempo.
Refazer
Depois de conseguir dominar parcialmente boa parte dessas questões que me paralizavam, voltei a pensar na minha estória. Eu poderia escrever outra, se o problema fosse com o estilo ou algo assim. Eu poderia reescrever e tentar adequar a mesma estória, afinal eu havia feito tantos cortes que revisitar as partes cortadas poderia dar uma nova direção ao enredo.
Optei por não reenviar, o feedback era muito vago e eu estaria tateando no escuro para me encaixar no que seria algo aceitável. Resolvi que voltaria à estória, mas para recolocar o que havia cortado, encaixar essas ideias e deixar como havia imaginado de início, o conto ficaria maior, mas seria o que eu tinha pensado.
Após mexer bastante, recuperar parte das ideias que tinham sido cortadas, nem tudo estava escrito, eram ideias que não chegaram a ficar registradas nas anotações, vi que mesmo antes de terminar não era mais um conto, bom não como eu havia pensado.
Poderia ainda ser um conto se algumas das ideias entrassem em outra estória e eu tivesse uma série de contos, mesmo que um pouco maior que o convencional ainda funcionaria como um conto, talvez tivesse de cortar partes novamente.
Poderia manter tudo, quando todo o texto recebesse de volta as partes cortadas e os fragmentos já escritos fossem encaixados, havia partes escritas, mas que não estavam em nenhum capítulo, talvez fossem capítulos por si mesmos, mas precisava que se encaixassem no todo sem quebrar a narrativa ou o ritmo.
Se continuasse por esse caminho aí teria um livro, o que me surpreendeu um pouco, eu teria escrito o livro que tinha pensado que não poderia, não poderia não por falta de capacidade, mas por impossibilidade, por falta de permissão do universo, ou assim me parecia.
O projeto
Dessa forma começou o projeto, mas ainda era só uma estória que eu queria contar, não sabia o que mais precisava além disso.
A estória continua sendo escrita e sinceramente ainda não tenho certeza do tempo que será necessário para terminar, mas estou mais tranquilo com o progresso e com o resultado até o momento.
Descobri que outras partes que nunca havia pensado antes serão igualmente necessárias e outras embora não sejam absolutamente necessárias são quase isso.
Vou falar mais sobre isso em futuros posts.